tag:blogger.com,1999:blog-468228735489199568.post5270121594419479356..comments2024-01-22T16:46:17.186-03:00Comments on Pareço louca: Não era euAmanda Machadohttp://www.blogger.com/profile/13550453054225736878noreply@blogger.comBlogger3125tag:blogger.com,1999:blog-468228735489199568.post-35953765838356831952015-12-09T00:07:45.874-02:002015-12-09T00:07:45.874-02:00Então Paulo, revisitei uma dezena de vezes seu com...Então Paulo, revisitei uma dezena de vezes seu comentário (tão bem organizado, articulado, divido em partes até...). Então, enquanto isso, tomamos uma dezena de cafés também. <br /><br />Li, reli,refleti, primeiro porque gostei muito da perspectiva hegeliana, de Drummond e tudo mais e depois, porque achava que um interlocutor tão perspicaz e sensível merecia uma resposta, ao menos, de uma estatura aproximada. Mas, então, depois de tantos cafés, acabo por achar que já está dito, perfeitamente. <br /><br />Então, muito grata, mais uma vez e ótima semana! ;) Amanda Machadohttps://www.blogger.com/profile/13550453054225736878noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-468228735489199568.post-45262669130866492522015-12-04T17:27:32.872-02:002015-12-04T17:27:32.872-02:00TOMO 2
Aquela primeira, a vencedora, não mata a ou...TOMO 2<br />Aquela primeira, a vencedora, não mata a outra que é prisioneira dos seus sonhos, ao contrário, conserva-a cuidadosamente como testemunha e espelho de sua vitória. Tal é o escravo, o "servus", aquele que, ao pé da letra, foi conservado.<br /><br />a) Mulher A (vamos dar nome às moças, a A é a vencedora, a B a deprimida) obriga a Mulher B a ser sua escrava, ao passo que somente A goza os prazeres da vida. A não cultiva seu jardim, não faz cozer seus alimentos, não acende seu fogo: ela tem B para isso. A não conhece mais os rigores do mundo material, uma vez que interpôs uma escrava entre ela e o mundo. A, porque lê o reconhecimento de sua superioridade no olhar submisso de B, é livre, ao passo que B se vê despojada dos frutos de seu trabalho, numa situação de submissão absoluta.<br /><br />b) Entretanto, essa situação vai se transformar dialeticamente porque a posição de A abriga uma contradição interna: A só existe em função da existência de B. A só é reconhecida como tal pela consciência de B e também porque vive do trabalho de B. Nesse sentido, ela é uma espécie de escrava de B.<br /><br />c) De fato, B, que era mais ainda a escrava da vida do que a escrava de A (foi por medo de morrer que se submeteu), vai encontrar uma nova forma de liberdade. Colocada numa situação infeliz em que só conhece provações, aprende a se afastar de todos os eventos exteriores, a libertar-se de tudo o que a oprime, desenvolvendo uma consciência pessoal. <br /><br />Mas, sobretudo, B incessantemente ocupada com o trabalho, aprenderá a vencer a natureza ao utilizar as leis da matéria e recuperará uma certa forma de liberdade (o domínio da natureza) por intermédio de seu trabalho. Por uma conversão dialética exemplar, o trabalho servil devolve-lhe a liberdade. Desse modo, B, transformada pelas provações e pelo próprio trabalho, ensina a A a verdadeira liberdade que é o domínio de si mesmo. <br /><br />Então B será feliz quando toda esta dor tangível se transformar em coisas belas. O poeta Drummond assim falou das coisas belas:<br /><br />“As coisas tangíveis, tornam-se insensíveis na palma da mão, mas as coisas findas, muito mais que lindas, estas ficarão” Este poema fala exatamente desta luta e chama-se Memória. Nela, Drummond fala que nada pode o passado contra o sem sentido, bem, melhor declamar o poema para você:<br /><br />Memória (Carlos Drummond de Andrade)<br /><br />Amar o perdido<br />deixa confundido<br />este coração.<br /><br />Nada pode o olvido<br />contra o sem sentido<br />apelo do Não.<br /><br />As coisas tangíveis<br />tornam-se insensíveis<br />à palma da mão<br /><br />Mas as coisas findas<br />muito mais que lindas,<br />essas ficarão.<br /><br />Paulo Abreuhttps://www.blogger.com/profile/06109736206898017978noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-468228735489199568.post-6599112835435986322015-12-04T17:26:55.247-02:002015-12-04T17:26:55.247-02:00O texto ficou grande, então achei melhor dividir, ...O texto ficou grande, então achei melhor dividir, como dividida está a protagonista, em dois tomos. Mais prolixo, impossível.<br />TOMO 1<br />Amanda <br /><br />Já falei aqui, num destes cafés de tantos que já degustamos juntos, que adoro seu jeito feminino de escrever, com olhar, com detalhes e nuanças sutis que só uma mulher domina. <br /><br />Hoje deparei com esta negação cândida da moça que flutua com amargo sentimento, com o agravante de um tênue mecanismo de defesa pessoal, e que recorre com relutância contra as ideias reprimidas que saltam para o consciente, ocultas no sagrado do seu eu – seus sonhos. Talvez tenha desejado na infância um pai presente, carinhoso e herói, mas este pai não existiu. Daí talvez o medo, a insegurança, mas isto já passou, e agora é bola prá frente. Assim, como será feliz? Há de encontrar a formula de uma reconciliação entre o domínio (real) e a servidão (sonhos e questões mal resolvidas). Loucura? Mas o que é normal? A moça vive uma vida real onde tem que superar o passado e os sonhos.<br /><br />Delirando nesta calorenta tarde de sexta-feira, ainda no escritório, vi nesta luta da moça a dualidade tão comum a todos os humanos – uma mulher voluptuosa incandescente habitando num corpo frágil de uma escrava do cotidiano real, que busca sua liberdade (apesar de não conseguir um caminho). Talvez queira que um príncipe venha e a pegue pelas mãos, a tome em seus braços, a beije até a satisfação máxima de ambos e sejam felizes para sempre. Para sempre? Existe felicidade para sempre fora da Disney?<br /><br />Então, dando uma ousada volta nas margens do pensamento de Hegel, acho que ela conflita em constante movimento e isto é o que me fez perceber a sutileza da autora - tudo é movimento e transformação e as transformações das ideias determinam a transformação da matéria. Acho que Amanda mostrou que ela caminha, de uma forma obtusa, outras vezes com medo (taxi rolou o medo) pode significar que os sonhos dela não morreram e mesmo na árdua luta da sua realidade, eles não foram defenestrados pelas derrotas e obstáculos, mas transformados em uma realidade pessoal.<br /><br />O conflito de um casamento fadado ao fim antes que amanheça ou que terminemos esta percepção literária, as dívidas, o prazer roubado, o filho, mas ela não se reconhece nestes conflitos, daí o porquê dela dicotomizar. Vou fazer aqui um ensaio pobre, lamentável do ponto de vista filosófico, pois buscarei (de maneira tosca) em Hegel esta dualidade, trazendo a discussão hegeliana para esta mulher que sofre, aliás, uma sofre e a outra goza. Não vou me intrometer na dialética (até mesmo por que existem aqui limitações de minha parte), mas apenas centrar no conflito.<br /><br />E farei isto para provocar nela um sentimento de esperança, de uma liberdade estóica.<br /><br />Vamos viajar? Então?! Vou começar:<br /><br />Num conflito incompreensível ao transeunte desapercebido, uma mulher se desfaz e se refaz concomitantemente em duas – e estas duas mulheres é que lutam entre si. Uma delas é plena de coragem (faz compras, dívidas, ballet, francês, pós-graduação, sexo e outros prazeres mundanos). Ela aceita arriscar sua vida no combate, mostrando assim que é uma mulher livre, superior à sua vida. <br /><br />A outra, que não ousa arriscar a vida, é vencida. <br />Paulo Abreuhttps://www.blogger.com/profile/06109736206898017978noreply@blogger.com