Faltou a última estrofe da Loucura de Ismália

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

      

 

 

 

 

 

 

   

    A loucura é tema recorrente nas crônicas de Amanda Machado, ela, inclusive, abre seu primeiro livro, Centopeia de Mil Pés Errados (2015, Confraria do Vento) com uma declaração: “A loucura sempre me chamou”. O blog que ela mantém há quase uma década é registrado como Pareço Louca. A loucura volta novamente, neste novo livro já em seu título: Faltou a última estrofe da loucura de Ismália.

    A personagem Ismália, criada pelo poeta simbolista Alphonsus de Guimarães, está completando 100 anos neste 2023. Em seu poema, Guimarães nos diz: “Quando Ismália enlouqueceu, pôs-se na torre a sonhar”. Ao longo do poema, percebemos que ao enlouquecer, Ismália além de sonhar, banha-se ao luar, desce ao mar, canta e ganha asas. A loucura retratada pelo poeta e recontada por Amanda é, na verdade, a expressão mais clara de liberdade e autonomia.

    No poema de Alphonsus loucura e suicídio andam juntos. Nas crônicas de Amanda a loucura está colada à liberdade de expressão das mulheres, que por muito tempo ficaram presas em torres, longe do mundo real, longe das inúmeras possibilidades de ser e de viver sem amarras. A última estrofe de Ismália deveria ser um grito de liberdade, deveria ser um murro na porta que a mantinha presa à torre, deveria ser atender ao chamado da loucura!

    O livro de Amanda é uma resposta ao chamado da loucura, essa loucura propulsora que nos permite viver sem medo de sermos rotuladas. É, acima de tudo, a necessidade de as próprias mulheres contarem suas histórias sem intermediários. Portanto, se a loucura nos chamar, não tenhamos medo de aceitar seu convite para podermos escrever todas as estrofes possíveis!

Carla Silva Machado

Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Mestra em Educação pela Universidade Federal de Juiz de Fora

Licenciada em Literatura pela Universidade Federal de Viçosa

 

 

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