quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

No elevador...

  O moço é um velho conhecido, trabalhava no mesmo prédio em que eu trabalhei há 4 anos (já?). Não o via desde então, mas nos últimos dois meses temos nos visto duas vezes na semana, que é quando vou à yoga; nós nos encontramos geralmente dentro do elevador (quando estamos descendo) ou à espera do elevador (quando eu estou chegando para yoga e ele...ele eu não sei). Nunca nos falamos, é claro que nos reconhecemos, porque nos "vimos", durante quase um ano inteiro e por algum motivo sempre pensei que ele me "abordaria", cumprimentaria ou simplesmente me perguntaria as horas. Mas nada...sempre ficou restrito ao contato visual. Lembro-me apenas de uma vez que ele me deu algum recado, de alguém que viera me procurar, mas estava tão aflita com algum problema do trabalho que nem ao menos lembro da sua voz (coisa difícil, porque normalmente é do que mais me recordo em qualquer pessoa...).

  Geralmente ele se coloca "estrategicamente" no fundo e do meu lado oposto no elevador, e eu o percebo perscrutando o meu perfil, igualzinho há quatro anos, quando eu incomodada com o seu olhar insistente, levantava da minha cadeira, pegava um copo de água (para disfarçar) e fechava as persianas para não ser observada. No entanto, não acho que seu olhar seja malicioso ou que tenha qualquer interesse "mais específico". Percebo alguma curiosidade, algo que lhe chama atenção.

  Na última semana enquanto esperava o elevador para a yoga o moço chegou, antes do elevador, ficou logo atrás, afinal era uma fila, ainda que fosse uma fila de duas pessoas; quando o elevador, sem ascensorista, chegou, ambos solitários entramos, desta vez eu fiquei mais atrás, ainda que tivesse espaço suficiente ao meu lado. O elevador chegando ao meu andar e ele...nada, começo a ficar aflita. Resolvo tomar a iniciativa: - Moço, moço! Ele surpreso se vira para trás. - Pode me perguntar. Pergunta qualquer coisa, eu não sou de ficar ofendida. Te respondo. Sem conhecê-lo é tudo tão mais fácil, sou capaz de me abrir como nunca fiz antes.

  O diálogo (aqui monólogo) imaginário acaba quando o elevador chega ao meu andar. Eu desço, não me despeço (ao contrário do que  muitas vezes faço com os outros desconhecidos), ofendida não lhe dou nem ao menos minha voz, meu tchau, nada!
Semana que vem, ou mesmo amanhã, é possível que nos reencontremos no elevador, mas ele não falará nada, disso não tenho mais nem um restinho de esperança; eu também não falarei, já fiz a minha parte tecendo com ele um diálogo imaginário...para mim já basta!

  Ah moço...te contaria tanta coisa, talvez pudéssemos ser amigos (eu seria uma boa amiga, moço!), então teríamos crises de risadas no elevador, apertaríamos todos os botões para a "viagem" ficar mais demorada e assim implicarmos um com o outro. Mas, moço, você simplesmente não se manifestou. Então continuamos assim: o moço e a moça do elevador, nada mais...

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