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O outro tem uma receita de família para curar gripe, espinhas e dor de cotovelo dos outros. O outro acha a vida dos outros fácil, quase perfeita e culpa-os pelos seus frequentes desperdícios: de tempo, oportunidade e talento. O outro tem uma dezena de itens que preenchem o "se eu fosse você...". Resolver a vida alheia é sempre mais fácil, porque começa na suposição e termina em um plano teórico, quem tem que colocar em prática são os outros mesmo. O outro é egoísta, egocêntrico e manipulador, simula doença, sentimento e problemas ou, pelo menos, exagera um pouco. O outro só quer chamar a atenção. Porque "se sou eu..."
O outro também renasceu por meio de alguma crença, religião, se converteu, encontrou algo que também deseja que você encontre e na ansiedade de compartilhar o que é bom, ofende, prega e despreza as crenças alheias. Porque o outro fatalmente perde a mão. O outro tem consciência política e para ele os discordantes estão todos enganados; o outro sabe educar filhos, relacionar-se amorosamente de maneira saudável, sabe como cuidar da casa e das finanças, "porque se eu ganhasse o que ele ganha, não teria dívidas".
O outro é quem ofende, é insensível e desleal. Porque não permanece quando mais precisamos e não insiste quando mandamos-o embora. O outro é invejoso, porque não ficou eufórico com uma vitória nossa, o outro é ciumento, se não gosta de alguma de nossas companhias o outro é mesquinho, se só paga exatamente o que consumiu. O outro não se esforça, como nós faríamos se em seu lugar estivéssemos; não ama, como nós amaríamos se tivéssemos a oportunidade; não demonstra afeto como deveria. O outro não sabe, não aproveita, não ama, se entrega demais e não luta; o outro não sabe a vida que tem e quem sabe? O outro de fora, sabe? Como? Suposição, imaginação, hipótese.
De frente para o espelho, olhe, repare. No reflexo, mais os outros, menos nós. Intolerância tem sido, há séculos, o problema mais grave da humanidade. Seja no nosso microcosmo ou nas grandes tragédias mundiais. Ninguém no mundo é desprovido de beleza, o que tem faltado são olhos mais disponíveis para encontrar o belo. Melhor mesmo seria substituir o "se fosse eu...", por "se eu fosse o outro...". A vida de ninguém precisa da nossa perspectiva, mas nós sim precisamos da perspectiva do outro. Pensar menos no que eu faria se eu fosse ele e mais no que ele pode e tem feito. O outro sou eu e todos nós, o outro nem é tão diverso assim. Então, porque cobramos do outro o que nem sabemos se é o que eles querem para si? Olho para o reflexo e contemplo a beleza que está no outro. Sorrio e ele me devolve um sorriso. Não é difícil começar um dia, não é difícil sermos menos nós, quando pensamos no outro.
4 comentários:
Precisamos olhar mais para dentro de nós e menos para os outros. É um bom exercício de auto conhecimento
É bem o que eu acho. ;)
Lindo texto! Acho que todos devíamos ter mais empatia e menos julgamentos. Seu texto me fez pensar: o que o outro faria se fosse eu? Certamente não ficaria aqui parado. E o clipe/música é uma fofura ^^
Parabéns pelo texto e pela sensibilidade =)
Bjo!
ps: compartilhado no facebook ^^
Obrigada Zi! Cada um reage diante da vida da maneira que pode, nem sempre é do jeito que mais nos agrada. Os outro, nós, todos merecemos sermos perdoados pelas nossas fraquezas...Beijos
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