segunda-feira, 3 de março de 2014

Não existe sonho pequeno

   Nenhum sonho é bobagem, nenhum desejo apaixonado pode ser ridículo, não existe uma lista sensata de boas ou más aspirações. Um sonho não pode ser medido, quantificado ou qualificado; os sonhos não reconhecem adjetivos ou leis racionais, são completamente opostos a este tipo de categorização. Diferente dos homens, os sonhos são livres, alheios a toda sorte de preconceito ou impossibilidade social; não buscam se enquadrar, agradar, compartilhar de um ideal que não lhes pertence. Os sonhos são sempre mais livres que os homens, por isso voam.

  São os homens, com a dificuldade intrínseca a sua condição, que questionam, julgam e desprezam o que corre fora do seu terreiro. Porque, nós homens, temos uma necessidade egoísta de impormos nossos gostos, discursos, jeitos, pontos de vista a tudo que nos rodeia; o que é nosso parece sempre ser mais coerente e caro, que o do outro. Os outros é que se equivocam, que são ridículos, que são baratos, que valorizam demasiado o que não tem o menor valor. Os homens veem migalhas, onde existe diamante, porque se recusam a enxergar o brilho alheio. Os homens são sempre menores que os sonhos.

  Os nossos sonhos não reconhecem a desaprovação alheia, por isso não se curvam, não se dobram, não se desculpam ou enrubescem; porque têm orgulho de serem o que são, sem máscaras. Os sonhos, quando nascem, têm coragem, personalidade forte, são seguros e atrevidos; quem os enfraquecem, os marcam com a nódoa da vergonha e do medo são os homens. Porque só os homens se alimentam da fragilidade dos sonhos alheios; se sentem grandes ou fortes, quando humilham, desprezam e massacram o ideal do outro. Os sonhos dos outros inquietam os homens, porque os fazem lembrar do compromisso quebrado com os seus próprios. E lembrar-se de uma covardia ou deslealdade com o seu desejo é dor imensurável, por isso, desqualificamos e ferimos o outro.

  Os sonhos nascem papel, são lisos, livres, leves, prontos para serem ocupados, preenchidos, completamente escritos. Mas, então, chegam os homens e os seus preconceitos, julgamentos, racionalidades limitadoras, que perseguem, como uma tesoura insana, o delicado papel, para feri-lo, desestabilizá-lo, fazer dele pedaços fragilizados e desconectados de uma ideia feliz. Só um homem duro, firme, seguro da importância dos seus próprios sonhos é que poderá, como uma pedra, destruir uma tesoura. E como naquele jogo infantil: pedra, papel e tesoura. O papel sempre vencerá. Porque só os sonhos são capazes de envolver e revestir um homem duro, de ternura e paixão. Os sonhos são sempre maiores que os homens. 

  Uma figura esguia, de pele negra, com vestido azul delicado, agradece ao sonho realizado, ela é do tamanho do seu sonho, esta noite. Seu sonho papel, conquistou o lugar merecido. Não existem sonhos pequenos, os nossos, os dos outros, quaisquer que sejam a sua natureza, são sempre grandes, importantes, brilhantes e muito caros. O tamanho de um sonho  é sempre grande, em qualquer circunstância, as pessoas é que, às vezes, se apequenam, quando podiam ser grandes; tanto quanto um sonho.







2 comentários:

Ana disse...

por isso se diz sempre para sermos gentis com os outros, pois podemos,sem saber,estar-lhe a estragar os sonhos.eu acho que sim,os sonhos são maiores que nós e não há sonhos impossiveis, todos os dias acontecem coisas que nos provam que tudo é possivel.

Amanda Machado disse...

Sim, é bem isso que acho. Os sonhos não têm medida, sejam eles nossos ou não.