segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O gostar demanda algum tempo já o "desgostar"...

  Porque as "antipatias", essas, em geral não precisam de tempo; é "fast food", é "rapidinha", é o "miojo" dos sentimentos...se não gostar de alguém em 5 minutos, geralmente o veredicto é: antipatia perpétua, sem direito a "recorrer"...

  Sim. Você até pode não "ir muito com a cara de alguém", inicialmente, e com o tempo, mudar de ideia. Mas se "desgostou" de cara (com certa intensidade), fatalmente, o sentimento permanecerá. E não haverá esforço (seu, do outro ou dos outros) que mudará o tal sentimento. Precipitado ou não, geralmente é certeiro. Não sei exatamente "onde", "como" e o "porquê" da rejeição instantânea, mas que ela existe, existe...e , às vezes, tão misteriosa, que chega a ser inexplicável.

  O fulano que você rejeita, não falou nada específico de que você não gostasse (pelo contrário, às vezes até tentou agradá-lo), não teve nenhuma atitude grosseira com você, não te derrubou bebida, não pisou no seu pé, mas não dá! Conviver muito tempo no mesmo ambiente que ele é irritante, ouvir histórias, elogios ou, simplesmente ouvir a pronúncia do nome dele pode causar arrepios....

  E não sei se por conta dessa rejeição instantânea a gente, o tempo todo, encontrará milhões de justificativas para o tal "desgostar" ou se o "tempo" é que te prova que o sentimento pode até ser muito precipitado, mas era maduro, sábio e profundo: - Não foi à toa que não gostei de Fulano. Sabia...

  Mas, a verdade é que vida vive colocando nossa paciência, educação e até generosidade à prova. O Fulano, certamente, estudará um dia com você (e algumas vezes, por pura falta de sorte, será do seu grupo no trabalho da disciplina mais chata), trabalhará na mesma empresa que você (e vocês, inclusive poderão dividir a mesma sala), tentará (e às vezes conseguirá) fazer parte da sua família, será também amigo do seu amigo, será seu vizinho mais próximo, será chefe, professor. Enfim, certamente, você terá que encontrar uma maneira de "conviver", ainda que a vontade seja a de "conmatar" ou, no mínimo, "condesprezar"...

  Depois de anos sem ver Fulano (na verdade meses, mas anos sem ter a obrigatoriedade da "troca de palavras") o encontro no estreito corredor de um shopping (estreito porque em época de promoção as lojas colocam suas araras nos corredores) foi inevitável (olha que ainda tentei me enfiar numa das araras, mas sem tempo hábil...). Olhei, sorri (não o meu melhor sorriso, nem o "amarelo", porque não gosto daqueles risinhos falsos; só um meio sorriso diplomático, mas não muito, porque Fulano não merece); Fulano também olhou e sorriu (o sorriso dele sim, foi amareladíssimo... e nada diplomático, porque Fulano nunca ouviu falar de diplomacia); nos cumprimentamos, falamos algo bem superficial (o meu "algo" foi puramente irônico, bobo, mas ainda sutil. O algo dele foi superficial e muito falso.) Falamos adeus (da minha parte muito sincero. Porque desejei uma despedida definitiva, ainda que saiba não ser muito possível ) e depois saí às gargalhadas do "encontro" cômico; ria da minha reação quase desesperada, da "pegadinha" do destino que colocou duas figuras tão indispostas uma com a outra, num encontro tão desconfortável e do  tamanho da bobagem que eu tinha dito...mas mesmo assim sem arrependimentos. Ofertei o que eu tenho (ainda que não o "melhor", porque isso só para os "eleitos"). Dei a Fulano minha ironia e ele deu a mim sua falsidade. 

  Voltei para casa com um par de brincos (que estava entre os itens em promoção) e a sensação de que muitos fulanos ainda dividirão  a cena comigo, afinal faz parte da vida, mas definitivamente no meu enredo nenhum coadjuvante roubará a minha cena, porque sou muito boa no improviso...

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