quinta-feira, 17 de maio de 2012

Quando a vida passa na sessão da tarde...

  É ficção, mas poderia ser vida real; embora seja comédia romântica sempre achei dos dramas mais angustiantes que assisti, por dezenas de vezes na "sessão da tarde". O filme, de 1993 (sei disso, porque ganhei de aniversário "1001 filmes para ver antes de morrer". Obrigada amiga!) chama-se "Feitiço do Tempo", é com o Bill Murray e a Andie Macdowell, dois atores que adoro. Parece-me ser uma obra assim, despretensiosa, mas me marcou tanto, que vez ou outra, suspeito estar vivendo o mesmo fenômeno que vivencia o protagonista da estória, cujos dias, subitamente passam a se repetir. E se não bastasse a angústia dos dias que se repetem, somente ele tem consciência da repetição.

  De maneira resumida, Bill Murray  vive um repórter de TV(Phill Connors), que é enviado à uma pequena cidade, para cobrir um evento tradicional, pauta pela qual tem total desprezo. A ideia dele é a seguinte: cumprir com o seu trabalho da maneira mais "profissional" possível e, logo ir embora, por isso repele qualquer aproximação dos moradores da cidade. Seu castigo será, acordar todos os dias, no dia da cobertura do tal evento. Então, ao longo do filme temos a maravilhosa oportunidade de observar o quanto o ser humano é capaz de errar, repetir os mesmos erros, "inventar" novos, para só então, aprender lenta e duramente uma bela lição.

  Até o desfecho da estória Phill Connors passará pelas situações mais engraçadas e patéticas, em função da sua "forçada" interação com a comunidade local, a qual prefere ignorar. E, por outro lado, somos testemunhas do que o desespero para resolver uma situação surreal é capaz de provocar. Phill, tentará, inclusive, se matar das mais variadas formas, no entanto, sempre acordará no outro dia, sempre "preso" a mesma data. Aos poucos, sem o "poder" de administrar qualquer "mudança" do tempo, sem saída, com todas as suas tentativas desesperadas fracassadas, vemos submergir do cruel repórter uma alma nova, com perspectivas mais reais, o antes ambicioso Phill, passa a desejar que os seu "dia" (aquele único que se repete insistentemente) seja melhor do que o anterior e assim sucessivamente. Se é tudo o que ele tem, ele o terá da maneira mais profunda e completa. O filme, para mim, é isto.

  Já a vida, muito embora não apresente aspectos tão surreais, quanto à ficção, tem também se repetido. E, a lição, todo o final do dia (o mesmo há algum tempo) parece ter sido completamente aprendida. Puro engano, ainda há muito o que se aprender. Phill só ganha a oportunidade de acordar em um novo dia, quando muda não somente suas ações, mas principalmente sua perspectiva com relação à vida. A chave, me parece ser bem esta simples combinação:  aceitação e paciência com o que não podemos modificar, humildade para conhecermos o outro integralmente e um novo olhar para aquilo que estamos vivenciando. Depois disto, é possível que amanhã, quando acordar, o calendário tenha uma nova folha...Enquanto isso não acontece, o jeito é fazer o melhor para que hoje, seja um hoje melhor, do que o "hoje de ontem"...c'est la vie.




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